SOLENIDADE DE CRISTO, REI DO UNIVERSO
Texto bíblico: Lc 23, 35
– 43
Data: 23 de novembro
Dom Samuel, OSB
Não
houve, não há e nunca haverá neste mundo rei que não teve, tenha e terá coroa,
cetro, reino e exército numeroso ao seu dispor. O rei, porém, cuja realeza
gloriosa a Igreja hoje celebra por toda a terra não teve nada do que possuem os
reis da terra. Se, pois, Cristo Jesus senhor nosso em momento algum de sua
curta vida não possuiu nenhum destes adereços pomposos que são usados pelos
reis deste mundo, como então haveremos de entender o sentido da solenidade
litúrgica que hoje se celebra, nosso Senhor Jesus Cristo, rei do universo?
Que
Cristo seja rei infere-se da Escritura. Lê-se em um Salmo: “Deus é rei e se
vestiu de majestade; revestiu-se de poder e de esplendor”. Ora, se Deus é rei e
se Cristo é Deus, conforme no-lo atestam várias passagens do Novo Testamento, segue-se
como conclusão necessária e rigorosa que Cristo, cuja divindade a Igreja
confessa no Credo e proclama na Liturgia é ele próprio “rex sempiternus”, isto
é, rei eterno. Se o é, nada mais natural que a Igreja, seu corpo, lhe dedique
uma festa em que se destaca, celebra e exalta o admirável mistério de sua
universal realeza.
Entende-se
que Cristo não seja rei ao modo dos reis deste mundo quando se pensa e
considera no que ele disse a Pilatos: “O meu reino não é deste mundo”. Se o seu
reino não é deste mundo, sua realeza em nada se parece com a dos reis da terra,
destinada alias a passar. Eis porque ele não é rei do modo como o são os
potentados terrenos. Com efeito, todo rei mortal começa a reinar em um dado
momento de sua vida e deixará de ser rei quando a morte o vier buscar. No caso
de Cristo, posto que ele é Deus, sempre foi rei, é rei e seguirá sendo rei para
sempre. Seu reino não é deste mundo, porque como jamais teve início, tampouco
terá fim.
O
santo profeta Daniel, inspirado por Deus, referiu-se a um reino que “jamais
será destruído e cuja realeza não será deixada a outro povo”. (Dn 2, 44) Ainda
sobre a realeza do Deus feito homem, lê-se no mesmo profeta: “sua realeza é uma
realeza eterna; todas as soberanias o servirão e a ele obedecerão”. (Dn 7, 27)
O autor da carta aos Hebreus escreveu: “Nós recebemos um reino inabalável”. (Hb
12, 28) o qual outro não pode ser senão aquele que tem a Cristo como rei. De
fato, ele é rei de um reino que não passará. É para este celeste reino que
somos chamados de acordo com Paulo: “Deus que vos chama a seu reino e sua
glória”. (1Ts 2, 12)
Cristo
é chamado por Paulo em sua primeira carta a Timóteo de “rei dos reis e Senhor
dos Senhores”. (1Tm 6, 15) “Ele é o rei dos séculos”, lê-se na mesma carta. (1
Tm 1, 17) Não menos claro é o testemunho do Apocalipse: “O cordeiro (Cristo) os
vencerá, pois é Senhor dos Senhores e rei dos reis”. (Ap 17, 14) “Sobre seu
manto e sobre sua coxa traz inscrito um nome: rei dos reis e senhor dos
senhores”. (Ap 19, 16) No livro dos oráculos do profeta Jeremias lemos: “O
Senhor Deus é verdade, ele é o Deus vivo, rei para sempre”. (Jr, 10, 10) Cristo
disse: “Eu sou a verdade”. Logo tais palavras aplicam-se com toda propriedade
ao Senhor Jesus, rei para sempre.
Ao
falar sobre o juízo futuro, disse Cristo, segundo o evangelista Mateus: “Quando
o filho do homem vier em sua glória (o filho do homem é ele).Então o rei (Cristo
se chama de rei)...(Mt 25, 31 – 34)
Um
dos ladrões, suspenso com Cristo na cruz e padecendo a mesma pena, disse a
Jesus: “Lembra-te de mim quando vieres como rei”. Admirável confissão da
realeza de Cristo. Pilatos também a reconheceu quando disse aos Judeus: eis o
vosso rei.
Celebremos,
pois, com fervor, a realeza de nosso Senhor Jesus Cristo, que vive e reina com
o Pai e o Espírito Santo, único Deus por todos os séculos dos séculos. Amém.
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