sábado, 20 de dezembro de 2025

                                                 

             QUARTO DOMINGO DO ADVENTO

                                                              Texto bíblico: Mt 1, 18 – 24

                                                              Data: 21 de dezembro

                                                              Dom Samuel Dantas, OSB

 Duas conclusões podem ser extraídas das palavras do Evangelho deste domingo, uma sobre o Filho e outra sobre a mãe. Totalmente sobrenatural o modo como o “Verbo se fez carne e habitou entre nós”. (Jo 1, 14) e totalmente sobrenatural o modo como Maria concebeu em seu puríssimo seio o eterno Filho de Deus feito homem.

A origem a qual a passagem bíblica dominical se refere é a temporal e histórica, a partir da qual o que existe desde sempre junto do Pai como seu filho único começou a existir na condição de verdadeiro homem. Quem de Maria nasceu na plenitude dos tempos é o mesmo que nasceu do seu eterno Pai antes de todos os séculos.

Se, pois, Cristo nasceu de Maria de modo absolutamente singular e único, pois ninguém a não ser ele foi concebido sem o concurso de varão, claro está, que ele é mais do que um simples homem. O mesmo raciocínio aplica-se a mãe do filho único de Deus: se apenas ela concebeu deste modo miraculoso, impossível não concluir que esta mulher foi uma criatura excelsa e privilegiada. E que prova o temos disso?

Por duas vezes o evangelista Mateus escreveu que Maria concebeu pelo poder do Espírito Santo: “Ora, antes de terem coabitado, achou-se ela grávida por obra do Espirito Santo”. Logo, não foi por um homem e através de um ser mortal que ela concebeu. A José, foi dito pelo anjo: “O que foi gerado nela provém do Espírito Santo”.

 No início do seu Evangelho São Lucas diz a mesma coisa, com a diferença sutil que aí é Maria quem faz a pergunta e recebe a seguinte resposta: “O Espírito Santo virá sobre ti e o poder do Altíssimo te cobrirá com sua sombra”.

A concordância, pois, entre Mateus e Lucas sobre este ponto é perfeita e total. Ambos, apresentam a gravidez de Maria como obra do Espírito Santo. Em Mateus como Revelação feita a José e em Lucas como feita a virgem Maria. Não é, pois, para se estranhar o que também lemos em um e outro. Em Mateus: “Ela dará a luz um filho, a quem porás o nome de Jesus, pois é ele quem salvará o seu povo dos seus pecados”. (Mt 1, 21) Em Lucas: “Eis que engravidarás e darás a luz um filho e lhe darás o nome de Jesus. Ele será grande e será chamado filho do altíssimo”. (Lc 1, 31 – 32)

O filho, a quem Maria, daria à luz em nossa carne, enquanto filho eterno do Pai já existia desde sempre junto daquele que eternamente o gerou. O filho nascido dela com a nossa natureza humana e que recebeu o nome de Jesus, que significa salvador, já existia antes de se encarnar em seu seio.

Se, pois, Maria concebeu por obra do Espírito Santo, o qual é Deus, e se o que dela nasceu segundo a nossa humanidade também o é, digna é ela do especial culto de veneração que a Igreja lhe presta.

O anjo a saudou como cheia de graça; sua prima Isabel chamou-a de a mãe do meu Senhor, e ela própria declarou: “O poderoso fez em mim maravilhas. Todas as gerações me chamarão bendita”.

Sim, ó Maria, nós te chamamos bendita, porque o que em ti foi gerado proveio do Espírito Santo. Nós te chamamos bendita porque aquele que existia desde sempre no seio do Pai como filho cheio de graça e verdade e por quem nos veio a graça e a verdade, penetrou em teu seio imaculado e nele assumiu nossa carne para nos remir e salvar. E todas as gerações te chamariam de bendita porque entre todas as mulheres da terra tu foste a escolhida para gerar no tempo sem pai humano aquele que o eterno Pai gerou fora do tempo sem mãe, nosso Senhor Jesus Cristo, teu filho segundo nossa humanidade e filho do Pai segundo a divindade. A ele seja dada a glória pelos séculos dos séculos. Amém.

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