ANO C São Lucas
19 de Janeiro de 2025
Por
um admirável desígnio da eterna providência, Maria se achava presente nas bodas
ocorridas em Caná, ela, em cujo ventre tinha se realizara as bodas misteriosas
do Filho do Pai com a nossa natureza humana. Convinha certamente que estivesse
junto do Filho aquela por meio de quem nos veio a salvação eterna. Onde
estivesse o Filho de Deus feito homem, lá deveria estar também a sua mãe! “A
mãe de Jesus estava lá”, escreveu João ao relatar o fato.
Quando
Jesus converteu a água em vinho, prenúncio do que faria mais tarde convertendo
vinho no sangue da nova e eterna aliança, quando ele manifestou a sua glória,
em suma, por ocasião do início dos seus sinais, “Maria, sua mãe, estava lá.” No
mesmo Evangelho de João, lê-se que “perto da cruz de Jesus permaneciam de pé a
sua mãe e outras mulheres.” (Jo 19, 25) Nos Atos dos apóstolos, lemos que Maria estava reunida com os
apóstolos: “Todos unânimes, eram assíduos na oração, com algumas mulheres,
entre as quais Maria, a mãe de Jesus.” (Atos 1, 14) O Senhor realiza o seu
primeiro sinal manifestando a sua glória e Maria está presente; prestes a
consumar a obra da salvação do gênero humano no altar da cruz, Maria também ali
está ao pé do altar do sacrifício, associada de algum modo a divina vítima por
meio do qual o mundo seria reconciliado com Deus, e por fim, antes da vinda do
Espírito Santo, Maria está junto dos apóstolos.
Nas
bodas de Caná, ei-la com o seu Filho, a cabeça da Igreja e com os apóstolos; ao
pé da cruz, ei-la com o discípulo amado a quem o Senhor revelou os admiráveis
mistérios de sua inefável divindade, e em Jerusalém, onde a Igreja nascera com
a descida do Espírito Santo, ali também está ela com os apóstolos entregue a
oração.
Foi
ela quem percebeu que faltara vinho e disse a seu Filho: “Eles não tem mais
vinho”, compadecida como mãe amantíssima que é, daquelas pessoas, e é ela que
hoje glorificada junto de seu divino Filho na celeste glória, diz-lhe mais ou
menos o seguinte, pensando em nós: eles não tem fé, não tem paz, não tem luz,
falta-lhes Deus, falta-lhes a fé que dá sentido a vida, falta-lhes a esperança
que impede resvale o ser humano no abismo do desespero. Eles não tem a ti, ó
meu Filho, que és a luz que ilumina todo homem que vem a este mundo, a ti que
és o pão vivo e verdadeiro descido do céu para que não morra todo aquele que
dele comer, a ti, que és a porta estreita pela qual entram todos quantos se
salvam, a ti, que és o bom pastor que dá
a vida pelas suas ovelhas.
Se
pois Maria, estando ainda neste mundo percebeu a necessidade em que os noivos
estavam e por eles rogou, obtendo do seu Filho o seu primeiro milagre e um
vinho melhor, que não poderá agora fazer por quantos a invocam com confiança
filial estando ela no céu tão unida aquele que tudo pode por ser Deus? E
poderia o seu Filho recusar-lhe algo que ela lhe peça?
E
Maria disse aos serventes: “Fazei tudo o que ele vos disser.” Eles o fizeram e
o resultado foi que a água que havia nas talhas converteu-se em vinho da melhor
qualidade para alegria dos convivas. E hoje, a mesma por cujos rogos o Senhor
Jesus realizou um admirável milagre continua a nos dizer maternalmente: “Fazei
tudo o que ele vos disser.” Fazei o que meu filho vos disse, diz-nos ela, e vos
salvareis, vos santificareis e chegareis a glória eterna para a qual fostes
criados e sois chamados!
Postado por Tereza Neuma Macedo Marques
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