domingo, 19 de janeiro de 2025

 



SEGUNDO DOMINGO DO TEMPO COMUM 

ANO C    São Lucas                                              19 de Janeiro de 2025

                                                                    Texto bíblico proposto: Jo 2, 1 – 11.

                                                                                Dom Samuel OSB

Por um admirável desígnio da eterna providência, Maria se achava presente nas bodas ocorridas em Caná, ela, em cujo ventre tinha se realizara as bodas misteriosas do Filho do Pai com a nossa natureza humana. Convinha certamente que estivesse junto do Filho aquela por meio de quem nos veio a salvação eterna. Onde estivesse o Filho de Deus feito homem, lá deveria estar também a sua mãe! “A mãe de Jesus estava lá”, escreveu João ao relatar o fato.

Quando Jesus converteu a água em vinho, prenúncio do que faria mais tarde convertendo vinho no sangue da nova e eterna aliança, quando ele manifestou a sua glória, em suma, por ocasião do início dos seus sinais, “Maria, sua mãe, estava lá.” No mesmo Evangelho de João, lê-se que “perto da cruz de Jesus permaneciam de pé a sua mãe e outras mulheres.” (Jo 19, 25) Nos Atos dos apóstolos,  lemos que Maria estava reunida com os apóstolos: “Todos unânimes, eram assíduos na oração, com algumas mulheres, entre as quais Maria, a mãe de Jesus.” (Atos 1, 14) O Senhor realiza o seu primeiro sinal manifestando a sua glória e Maria está presente; prestes a consumar a obra da salvação do gênero humano no altar da cruz, Maria também ali está ao pé do altar do sacrifício, associada de algum modo a divina vítima por meio do qual o mundo seria reconciliado com Deus, e por fim, antes da vinda do Espírito Santo, Maria está junto dos apóstolos.

Nas bodas de Caná, ei-la com o seu Filho, a cabeça da Igreja e com os apóstolos; ao pé da cruz, ei-la com o discípulo amado a quem o Senhor revelou os admiráveis mistérios de sua inefável divindade, e em Jerusalém, onde a Igreja nascera com a descida do Espírito Santo, ali também está ela com os apóstolos entregue a oração.

Foi ela quem percebeu que faltara vinho e disse a seu Filho: “Eles não tem mais vinho”, compadecida como mãe amantíssima que é, daquelas pessoas, e é ela que hoje glorificada junto de seu divino Filho na celeste glória, diz-lhe mais ou menos o seguinte, pensando em nós: eles não tem fé, não tem paz, não tem luz, falta-lhes Deus, falta-lhes a fé que dá sentido a vida, falta-lhes a esperança que impede resvale o ser humano no abismo do desespero. Eles não tem a ti, ó meu Filho, que és a luz que ilumina todo homem que vem a este mundo, a ti que és o pão vivo e verdadeiro descido do céu para que não morra todo aquele que dele comer, a ti, que és a porta estreita pela qual entram todos quantos se salvam, a ti,  que és o bom pastor que dá a vida pelas suas ovelhas.

Se pois Maria, estando ainda neste mundo percebeu a necessidade em que os noivos estavam e por eles rogou, obtendo do seu Filho o seu primeiro milagre e um vinho melhor, que não poderá agora fazer por quantos a invocam com confiança filial estando ela no céu tão unida aquele que tudo pode por ser Deus? E poderia o seu Filho recusar-lhe algo que ela lhe peça?

E Maria disse aos serventes: “Fazei tudo o que ele vos disser.” Eles o fizeram e o resultado foi que a água que havia nas talhas converteu-se em vinho da melhor qualidade para alegria dos convivas. E hoje, a mesma por cujos rogos o Senhor Jesus realizou um admirável milagre continua a nos dizer maternalmente: “Fazei tudo o que ele vos disser.” Fazei o que meu filho vos disse, diz-nos ela, e vos salvareis, vos santificareis e chegareis a glória eterna para a qual fostes criados e sois chamados!


Postado por Tereza Neuma Macedo Marques

 

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