domingo, 26 de janeiro de 2025

 





                   
TERCEIRO DOMINGO DO TEMPO COMUM

                                                                              Texto bíblico: Lc cap. 1, 1 – 4. 14 – 21

                                                                               Dom Samuel OSB 

                                                                               26 de Janeiro

 

Conforme o relato de Lucas, tão logo o Senhor leu uma passagem de Isaías na Sinagoga, acrescentou: “Hoje esta Escritura se realizou para vós que a ouvis”, afim de nos mostrar que o texto profético a ele dizia respeito. Inspirado pelo Espírito, Isaías ou quem quer tenha sido, escrevera: “O Espírito do Senhor está sobre mim.” Recordemo-nos da palavra do Pai a João Batista: “Aquele sobre quem vires o Espírito descer e permanecer, este é o que batiza no Espírito.”  Recordemo-nos ainda que ao ser batizado no Jordão, Jesus viu os céus abertos e o Espírito em forma de pomba descer e permanecer sobre ele.”

A quem pois dizia respeito a passagem do livro de Isaías senão aquele que foi gerado em nossa natureza pelo poder do Espírito Santo e sobre quem pairou o mesmo Espirito por ocasião do seu batismo?

É certo que o Espírito do Senhor inspirou aos profetas, através dos quais falou e anunciou coisas admiráveis e misteriosas, e o texto lido por Cristo na Sinagoga em certa medida pode ser aplicado a todos os profetas, mas somente na sua pessoa  se cumpre com perfeição. De fato, a Jesus foi conferida a unção. “Sim, eles se reuniram nesta cidade, Herodes e Pilatos com as nações e Israel contra Jesus, teu santo servidor, que tu tinhas ungido.” (Atos 4, 27) “Esse Jesus, oriundo de Nazaré, sabeis como Deus lhe conferiu a unção do Espírito Santo e do poder.” (At 10, 38)  Lê-se ainda no Salmo 44 umas palavras que se aplicam a unção com que foi ungido o homem Deus: “Amas a justiça...por isso, Deus, teu Deus te ungiu com um óleo de alegria, de preferência a teus companheiros.” (Sl 44, v.8)

E quem anunciou a boa nova aos pobres senão ele? Quem foi enviado pelo Pai ao mundo como libertador para proclamar aos cativos a libertação senão ele? Não lemos no Evangelho que ele, o grande libertador, libertou por sua palavra e poder muitos que estavam presos no cativeiro do mal e do pecado? Acaso não foi ele que restituiu a vista a alguns cegos?

Em certa ocasião, segundo o evangelista Mateus, João, então aprisionado, ouvira falar das obras de Cristo e através de seus discípulos mandou-lhe perguntar: “És tu aquele que vem ou devemos esperar outro?” Aos enviados Jesus disse: “Ide referir a João o que ouvis e vedes: os cegos recobram a vista e os coxos andam direito, os leprosos são purificados...e a boa nova é anunciada aos pobres.” (Mt 11, 2 – 5)

Quando Jesus leu a célebre profecia de Isaías e aplicou-a a si próprio, já a boa nova era anunciada aos pobres, já a libertação era anunciada aos cativos, cegos recuperavam a vista e oprimidos eram postos em liberdade pelo poder daquele que viera ao mundo salvar e libertar. “Para despedir os oprimidos em liberdade”, estava escrito no trecho lido por Jesus,  e ele próprio dissera: “Conhecereis a verdade(que é ele próprio) e a verdade vos libertará.” (Jo 8, 32) Disse ainda: “Se o Filho vos libertar, sereis verdadeiramente livres.” (Jo 8, 36) Paulo escreveu que “Cristo nos libertou para que sejamos livres” (Gl 5, 1) e o mesmo Paulo nos diz que fomos libertos do pecado por Cristo.(Rm 6, 18)

 E vemos que ainda hoje a boa nova é anunciada aos pobres, cativos e oprimidos são libertos,  e cegos de espírito  recuperam a vista de modo que continua a realizar-se o que o profeta dissera.

Postado por Tereza Neuma Macedo Marques


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