TERCEIRO DOMINGO DO TEMPO
COMUM
Texto bíblico: Lc cap. 1,
1 – 4. 14 – 21
Dom Samuel OSB
26 de Janeiro
Conforme
o relato de Lucas, tão logo o Senhor leu uma passagem de Isaías na Sinagoga,
acrescentou: “Hoje esta Escritura se realizou para vós que a ouvis”, afim de
nos mostrar que o texto profético a ele dizia respeito. Inspirado pelo
Espírito, Isaías ou quem quer tenha sido, escrevera: “O Espírito do Senhor está
sobre mim.” Recordemo-nos da palavra do Pai a João Batista: “Aquele sobre quem
vires o Espírito descer e permanecer, este é o que batiza no Espírito.” Recordemo-nos ainda que ao ser batizado no
Jordão, Jesus viu os céus abertos e o Espírito em forma de pomba descer e
permanecer sobre ele.”
A
quem pois dizia respeito a passagem do livro de Isaías senão aquele que foi
gerado em nossa natureza pelo poder do Espírito Santo e sobre quem pairou o
mesmo Espirito por ocasião do seu batismo?
É
certo que o Espírito do Senhor inspirou aos profetas, através dos quais falou e
anunciou coisas admiráveis e misteriosas, e o texto lido por Cristo na Sinagoga
em certa medida pode ser aplicado a todos os profetas, mas somente na sua
pessoa se cumpre com perfeição. De fato,
a Jesus foi conferida a unção. “Sim, eles se reuniram nesta cidade, Herodes e
Pilatos com as nações e Israel contra Jesus, teu santo servidor, que tu tinhas
ungido.” (Atos 4, 27) “Esse Jesus, oriundo de Nazaré, sabeis como Deus lhe
conferiu a unção do Espírito Santo e do poder.” (At 10, 38) Lê-se ainda no Salmo 44 umas palavras que se
aplicam a unção com que foi ungido o homem Deus: “Amas a justiça...por isso,
Deus, teu Deus te ungiu com um óleo de alegria, de preferência a teus
companheiros.” (Sl 44, v.8)
E
quem anunciou a boa nova aos pobres senão ele? Quem foi enviado pelo Pai ao
mundo como libertador para proclamar aos cativos a libertação senão ele? Não
lemos no Evangelho que ele, o grande libertador, libertou por sua palavra e
poder muitos que estavam presos no cativeiro do mal e do pecado? Acaso não foi
ele que restituiu a vista a alguns cegos?
Em
certa ocasião, segundo o evangelista Mateus, João, então aprisionado, ouvira
falar das obras de Cristo e através de seus discípulos mandou-lhe perguntar:
“És tu aquele que vem ou devemos esperar outro?” Aos enviados Jesus disse: “Ide
referir a João o que ouvis e vedes: os cegos recobram a vista e os coxos andam
direito, os leprosos são purificados...e a boa nova é anunciada aos pobres.”
(Mt 11, 2 – 5)
Quando
Jesus leu a célebre profecia de Isaías e aplicou-a a si próprio, já a boa nova
era anunciada aos pobres, já a libertação era anunciada aos cativos, cegos
recuperavam a vista e oprimidos eram postos em liberdade pelo poder daquele que
viera ao mundo salvar e libertar. “Para despedir os oprimidos em liberdade”,
estava escrito no trecho lido por Jesus, e ele próprio dissera: “Conhecereis a
verdade(que é ele próprio) e a verdade vos libertará.” (Jo 8, 32) Disse ainda:
“Se o Filho vos libertar, sereis verdadeiramente livres.” (Jo 8, 36) Paulo
escreveu que “Cristo nos libertou para que sejamos livres” (Gl 5, 1) e o mesmo
Paulo nos diz que fomos libertos do pecado por Cristo.(Rm 6, 18)
E vemos que ainda hoje a boa nova é anunciada
aos pobres, cativos e oprimidos são libertos, e cegos de espírito recuperam a vista de modo que continua a
realizar-se o que o profeta dissera.
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