14 de setembro
Texto
bíblico: Jo 3, 13 – 17
Dom Samuel OSB
A Igreja de Cristo, no hino “Vexilla Regis”, um dos mais belos de quantos chegaram até nós, canta em honra da cruz: “Salve ó cruz, única esperança.”
Aprendemos
do Sagrado Concílio de Trento que o Senhor Jesus, “por sua santíssima Paixão no
madeiro da cruz mereceu-nos a justificação.”
A
cruz foi o altar em que o cordeiro de Deus que tira todo pecado do mundo
ofereceu ao eterno Pai o único sacrifício expiatório e eficaz em favor da
humanidade pecadora que precisava de redenção e salvação.
Na
carta aos Colossenses o apóstolo Paulo ensina-nos que “aprouve a Deus fazer
habitar em Cristo toda a plenitude e tudo reconciliar por meio dele e para ele,
na terra e nos céus, tendo estabelecido a paz pelo sangue de sua cruz.”
Quão
digna não é, pois, de veneração a cruz pela qual nos vem a paz celeste de que
tanto necessitamos! Grande é o poder da cruz de Cristo, pois segundo o mesmo
apóstolo “ele quis assim, a partir do
judeu e do pagão, criar em si um só homem novo, estabelecendo a paz, e
reconcilia-lo com Deus, ambos em um só corpo, por meio da cruz onde ele matou o
ódio.” (Ef 2, 15 – 16)
A
cruz foi instrumento de salvação. Nela e por ela consumou-se a paixão do eterno
Filho feito homem, o único e excelso sacrifício digno de Deus, o único que ele
podia aceitar. Foi por sua morte, no altar da cruz ocorrida, que o Senhor Jesus,
salvou-nos, remiu-nos, lavou-nos, justificou-nos e reconciliou-nos com Deus.
A
obra da salvação do gênero humano, obra mais admirável e extraordinária do que
a própria criação do mundo, foi concluída no altar da cruz, e sem ela, não
haveria possibilidade alguma de salvação para o gênero humano, atolado na
corrupção do pecado.
Tendo,
pois, o Deus Trindade decidido salvar o mundo pelo único e singularíssimo
sacrifício oferecido pelo seu dileto filho de uma vez por todas no altar da
cruz, não nos podemos furtar à veneração que com toda justiça é devida a cruz
do Senhor, pela qual nos veio a salvação.
Eis
porque a Igreja canta: “Veneramos tua cruz ó Senhor.” Veneramo-la por causa
daquela vítima sacrossanta e sumamente perfeita que nela foi pregada;
veneramo-la porque o filho de Deus que nela sofreu e morreu engrandeceu-a
extraordinariamente, dando-lhe um valor que até então não tinha nem podia ter
de modo algum.
O
apóstolo Paulo, enamorado da cruz do seu mestre, e que sabia muito bem o que a ela devia,
escreveu: “Eu por mim nunca vou querer outro título de glória que a cruz de
nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim como eu
para o mundo.” (Gl 6, 14)
Neste
dia pois, em que a Igreja celebra solenemente a exaltação da santa cruz,
lembremo-nos do que Jesus disse: “Quem quiser me seguir, renegue-se a si mesmo,
tome a sua cruz e siga-me.” Lembremo-nos ainda, afim de termos força de
carregar com paciência a nossa, que ele por primeiro e antes de nós carregou a
sua, de acordo com o testemunho de Pedro em sua primeira carta: “Ele que, em
seu próprio corpo, carregou nossos pecados sobre o madeiro.” (1Pd 2, 24)
Na
cruz, Cristo sofreu e morreu! Na cruz, todavia, por causa desta morre e deste
sofrimento que nela tiveram lugar, o império do diabo foi destroçado, o mundo
salvo, o ser humano reconciliado, as portas do paraíso abertas e a justiça
divina aplacada.
Paulo
pregou um messias crucificado, escândalo para os judeus e loucura para os
pagãos (1Cor 1, 23), isto é, pregou o mistério da cruz! “Eu, disse ainda ele, resolvi
nada saber entre vós a não ser Jesus Cristo e este crucificado.” (1Cor, 1, 22)
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