Texto bíblico: Lc 12, 13 – 21
3 de agosto
Dom Samuel Dantas OSB
Há atualmente no mundo
muitos ricos cujos negócios lhes rendem por certo dinheiro em abundância e é
quase certo que à semelhança do rico insensato da parábola pensam em aumentar
ainda mais aquilo que já possuem em abundância, suficiente para longos anos. Aqui,
porém, cabe uma pergunta que as pessoas inteligentes não podem deixar de fazer
para não trabalharem em vão, no caso de serem ricas: para que ou para quem,
trabalho eu? Para que ou para quem eu acumulo sem termo e sem medida?
Enquanto o homem rico da
parábola pensava no que ia fazer com a terra que produzira muito, imaginando que
poderia sem maiores preocupações comer, beber e regalar-se despreocupadamente
por muitos anos, a morte iria tirá-lo de circulação sem dó nem compaixão por
sua condição de rico no mesmo dia em que ele se entregava aquelas cogitações
mirabolantes, construindo castelos no ar e Deus, como não poderia deixar de
ser, só podia rir compadecido de tamanha insensatez!
Quanto aos ricos de hoje,
o que fazem e ao que se aplicam? Certamente que em ganhar ainda mais dinheiro,
porque os seus negócios rendem muito. É possível que pensem no que vão fazer
com seus avultados lucros e no que hão de aplicar o que ganham em seus
negócios, muitos dos quais não muito cristãos. Sentem-se, presumo eu,
confortáveis, certos de que estão a salvo de qualquer eventualidade vindoura.
Mas do que se esquecem? Pode ser que não esta noite ou amanhã ou semana que vem,
mas forçosamente há de chegar o dia fatal em que terão de deixar o teatro deste
mundo de mãos vazias, exatamente como nele entraram quando de seu nascimento.
O drama de quem muito
amealhou pode ser triplo: se não tiver para quem deixar, trabalhou para nada;
se os herdeiros forem do tipo que bem depressa dilapidam o que recebem, tanto
pior, pois juntou para usufruto de outros que talvez bem depressa se esqueçam
dele. E pode haver insensatez maior do que afadigar-se para que outros gozem,
acabar com a saúde para que outros descansem?
Por fim, e este é o maior
risco, poderá ficar de fora do reino do céu, já que o salvador disse que será “muito
difícil para os que tem riquezas entrar no reino de Deus”. Está escrito no
livro dos Salmos que “ninguém se livra de sua morte por dinheiro”.
Não custa recordar que no
dizer do apóstolo Paulo o “amor ao dinheiro é a raiz de todos os males”. Quem
quer que o possua em abundância, dificilmente deixará de adorá-lo como a um
ídolo e amando-o como valor supremo, o colocará no lugar daquele a quem
unicamente se deve adorar. Lembre-se o ser humano que vive na fartura e que
dedica sua vida apenas a ganhar dinheiro que há coisas bem mais valiosas para
se ganhar, e que não podem ser adquiridas nem com todo o dinheiro do mundo,
pois “de que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro se perder a sua alma”?
Postado por Tereza Neuma Macedo Marques
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