domingo, 3 de agosto de 2025

 

                                                                Texto bíblico: Lc 12, 13 – 21

                                                                3 de agosto

                                                                Dom Samuel Dantas OSB 

 Um pedido feito a Jesus deu-lhe o ensejo de contar uma parábola que começa assim: “Havia um homem rico, cuja terra produzira muito”.  Diz-nos Jesus na conclusão da parábola que no mesmo dia em que aquele homem fazia uma multidão de planos para um futuro que ele não chegaria a ver, a morte o colheu, exatamente como fará comigo e com você um dia desses.

Há atualmente no mundo muitos ricos cujos negócios lhes rendem por certo dinheiro em abundância e é quase certo que à semelhança do rico insensato da parábola pensam em aumentar ainda mais aquilo que já possuem em abundância, suficiente para longos anos. Aqui, porém, cabe uma pergunta que as pessoas inteligentes não podem deixar de fazer para não trabalharem em vão, no caso de serem ricas: para que ou para quem, trabalho eu? Para que ou para quem eu acumulo sem termo e sem medida?

Enquanto o homem rico da parábola pensava no que ia fazer com a terra que produzira muito, imaginando que poderia sem maiores preocupações comer, beber e regalar-se despreocupadamente por muitos anos, a morte iria tirá-lo de circulação sem dó nem compaixão por sua condição de rico no mesmo dia em que ele se entregava aquelas cogitações mirabolantes, construindo castelos no ar e Deus, como não poderia deixar de ser, só podia rir compadecido de tamanha insensatez!

Quanto aos ricos de hoje, o que fazem e ao que se aplicam? Certamente que em ganhar ainda mais dinheiro, porque os seus negócios rendem muito. É possível que pensem no que vão fazer com seus avultados lucros e no que hão de aplicar o que ganham em seus negócios, muitos dos quais não muito cristãos. Sentem-se, presumo eu, confortáveis, certos de que estão a salvo de qualquer eventualidade vindoura. Mas do que se esquecem? Pode ser que não esta noite ou amanhã ou semana que vem, mas forçosamente há de chegar o dia fatal em que terão de deixar o teatro deste mundo de mãos vazias, exatamente como nele entraram quando de seu nascimento.

O drama de quem muito amealhou pode ser triplo: se não tiver para quem deixar, trabalhou para nada; se os herdeiros forem do tipo que bem depressa dilapidam o que recebem, tanto pior, pois juntou para usufruto de outros que talvez bem depressa se esqueçam dele. E pode haver insensatez maior do que afadigar-se para que outros gozem, acabar com a saúde para que outros descansem?

Por fim, e este é o maior risco, poderá ficar de fora do reino do céu, já que o salvador disse que será “muito difícil para os que tem riquezas entrar no reino de Deus”. Está escrito no livro dos Salmos que “ninguém se livra de sua morte por dinheiro”.

Não custa recordar que no dizer do apóstolo Paulo o “amor ao dinheiro é a raiz de todos os males”. Quem quer que o possua em abundância, dificilmente deixará de adorá-lo como a um ídolo e amando-o como valor supremo, o colocará no lugar daquele a quem unicamente se deve adorar. Lembre-se o ser humano que vive na fartura e que dedica sua vida apenas a ganhar dinheiro que há coisas bem mais valiosas para se ganhar, e que não podem ser adquiridas nem com todo o dinheiro do mundo, pois “de que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro se perder a sua alma”?

Postado por Tereza Neuma Macedo Marques


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