Certo cidadão, à hora do almoço de uma segunda feira, queixava-se da comida que não estava a contento. À noite, ao ligar a TV, assistiu uma matéria sobre a fome que tem matado muitas pessoas. Terça-feira aborreceu-se porque não pôde tomar um banho morno. À tarde, todavia, deparou-se com dois senhores conversando, um dos quais dizia ao outro que há quinze dias não sabia o que era água no corpo. Quarta- feira pensou em mandar às favas o seu trabalho, julgando-o tedioso e repetitivo. À noite, mal chegara em casa, recebeu a notícia de que um ex-colega, desertara da vida porque há tempos tentava em vão voltar ao mercado de trabalho. Na quinta-feira tinha uma consulta médica agendada para às dez. Saiu do Hospital irritado porque só tinha sido atendido às 11 e 30. Ao passar pouco depois em frente a um posto de saúde, viu apenas o início de uma fila quilométrica. No último dia útil da semana, enquanto fazia sua costumeira caminhada matinal, deparou-se com um cadeirante, cujo olhar transpirava tristeza. Sábado, ao entrar numa livraria, abriu ao acaso um livro e seus olhos caíram em cima de uma pérola da Sabedoria Àrabe: “eu me queixava de não ter sapatos, até que encontrei alguém que não tinha os pés."
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