PRIMEIRO DOMINGO DO ADVENTO Dom Samuel (OSB)

PRIMEIRO DOMINGO DO ADVENTO Texto bíblico: Lc 21, 25 – 28. 31 – 36. Data: primeiro de dezembro O Senhor Jesus nos diz neste domingo que futuramente “as nações estarão na angústia” e que “os homens desmaiarão de pavor com medo das desgraças que sobrevirão ao mundo.” Se nós olharmos com atenção para este mundo decadente tal como ele aí está, o mais correto seria dizer: as nações estão na angústia, e os seres humanos já desmaiam de pavor com medo das desgraças que o tempo todo estão sobrevindo ao mundo. Não falemos, pois, de futuro, mas de presente. Troquemos os verbos que o Senhor Jesus usou no tempo futuro e ponhamo-los no presente, para sermos mais exatos. Pode até ser que o futuro seja pior do que o presente, mas é indubitável que aquilo que Jesus anunciou para um amanhã que parece distante, já está sucedendo hoje. Há por acaso algum ser humano que não padeça de angústia e ansiedade? Há quem não tema e não se preocupe com o amanhã que para todos sempre se apresenta incerto? Há quem não tenha medo de algum tipo de desgraça que pode a qualquer instante irromper subitamente na vida de qualquer um? Quanto as nações, há acaso alguma hoje, por feliz e próspera que seja, que não tenha do que se queixar e que nada tenha a temer? Não nos iludamos supondo que o futuro há de ser melhor do que o presente, porque a história, cujas sábias lições nem sempre aprendemos, aí está para mostrar-nos que o amanhã costuma ser apenas o prolongamento do agora, com imperceptíveis modificações. O segredo para escaparmos ao que está por vir, Jesus o indicou: “vigiai e rezai em todo momento para serdes julgados dignos de escapar a todos esses acontecimentos futuros e de vos manterdes de pé...” Eis aqui o segredo para escaparmos do que está a caminho, eis aí o segredo para manter-nos de pé quando chegar o que já está vindo! Se não orarmos e não vigiarmos, nem escaparemos nem conseguiremos manter-nos de pé! Vigiemos e oremos, porque se ainda não vemos sinais no sol, na lua e nas estrelas, as nações estão mergulhadas na angústia, milhões vivem apavorados e com medo. Há desemprego, a violência cresce nos grandes centros urbanos, há suicídios e feminicídios em grande número, há corrupção, há falta de amor, o ódio lança fundas raízes nos corações, há proliferação de doenças variadas, há guerras, conflitos domésticos, famílias destruídas e casais em crise permanente. Todos temos medo de estar em casa e medo ainda maior de sair dela, medo de ficar sem trabalho e medo de não conseguir um, medo de assaltos, medo de doenças, medo da morte e até medo de estarmos vivos, sujeitos a todo tipo de desgraça que a qualquer momento pode nos visitar. O que fazer? “Vigiai, mantende-vos firmes na fé.” (1Cor 16, 13); “Sêde sóbrios, vigiai.” (1Pd 5, 8); “Não durmamos como os outros, mas sejamos vigilantes e sóbrios.” (1Ts 5, 6); “Feliz daquele que vigia.” (Ap 16, 15) E, posto que Jesus pediu-nos para unir à vigilância a não menos necessária oração, “perseverai na oração, que ela vos mantenha bem alertas.” (Cl 4, 2)