sábado, 10 de maio de 2025

 

        QUARTO DOMINGO DA PÁSCOA

                                                                                               Dom Samuel OSB

                                                                                     Texto bíblico: Jo 10, 27 – 30

                                                                                               Data: 11 de Maio

 Dentre as palavras pronunciadas por Cristo neste mundo, poucas deixaram os seus ouvintes tão perplexos e revoltados como estas: “Eu e o Pai somos um.” Conquanto a passagem bíblica do Evangelho deste domingo termine com estas surpreendentes palavras, lê-se na sequência que os judeus, tendo-as escutado, apanharam pedras para apedrejar Jesus, o qual, teria incorrido, ao pronunciá-las, em crime de blasfêmia, fazendo-se igual a Deus.

As palavras do Senhor dão-nos o ensejo de falar acerca do inefável mistério de sua divindade, na qual cremos pela fé.

Como é possível, poderia alguém perguntar, o Pai e o Filho serem um, se os nomes Pai e Filho, sendo distintos, sugerem não um, mas dois? Aqui, se há de ter muito cuidado para não se cair em erro, crendo de modo errado ou pensando algo indigno de Deus, o que seria bem pior.

São dois e são um, eis no que devemos crer com fé firme e católica. São dois porque uma é a pessoa do Pai que gerou e outra distinta a do filho que foi gerado pelo pai, mas são um porque ambos são o único Deus verdadeiro; são dois porque há de fato no seio da única e suprema divindade as pessoas do Pai que tem um Filho e de um filho que tem um pai, mas são um por causa do mistério da única natureza divina, da única essência eterna que subsiste  em três pessoas realmente distintas, o Pai, o Filho e o Espírito dos dois. Embora uma seja a pessoa do Pai, uma a do filho e outra a do Espírito Santo, os três não são mais do que o único e verdadeiro Deus.

O Filho disse: “Quem me vê, vê o Pai, tudo o que o Pai faz o Filho o faz igualmente, o Pai está em mim e eu no Pai, tudo o que o Pai tem é meu.”

Jesus disse “eu e o pai somos um” porque os dois são o único e verdadeiro Deus, não havendo nenhum outro fora dele. Ele e o Pai são um, porque são eternos e imutáveis. Ele e o pai são um porque criaram conjuntamente e conservam o mundo. Assim pois,  tudo que a fé atribui ao Pai deve-se e pode-se atribuir a pessoa do filho, exceto o ser pai que só convém a pessoa do Pai.

Jesus disse em certa ocasião: “Pai, glorifica-me junto de ti com a glória que eu tinha junto de ti antes que o mundo existisse.” E por que o disse, senão porque ele e o Pai são um? Disse ainda: Antes que Abraão fosse, eu sou. Não o teria dito se ele e o Pai não fossem um.

Na impossibilidade de compreendermos de modo pleno tão subido mistério, isto é, em que sentido e de que modo Pai e Filho são dois e um só, adoremos o mistério que nos foi revelado,  para que um dia seja-nos concedido contemplá-lo na visão do Deus único e verdadeiro a quem a glória, o poder a majestade e a realeza agora e para sempre. Amém.

Postado por Tereza Neuma Macedo Marques

 

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